A temperatura atmosférica ártica atingiu um novo recorde para o outono, devido à perda de enormes volumes de gelo numa região que há décadas sofre com o aquecimento, segundo relatório anual divulgado pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA A temperatura chega a ser 5°C superior à média dos outonos árticos, porque sem a proteção do gelo a luz solar aquece mais o oceano.
O aquecimento do ar e do mar pode afetar os ecossistemas e reduzir a quantidade de gelo que sobra no verão seguinte, segundo o estudo, que dá mais uma pincelada sombria num quadro já bastante dramático dos efeitos das mudanças climáticas sobre a região. O estudo diz ainda que manadas de renas e alces parecem estar encolhendo, e que o gelo na superfície da Groenlândia também está sendo afetado.
"As mudanças no Ártico demonstram um efeito-dominó de causas múltiplas mais claramente do que em outras regiões", disse em nota um dos autores do relatório, o oceanógrafo James Overland, do Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico, ligado ao NOAA, em Seattle. "É um sistema delicado e frequentemente reflete mudanças de forma relativamente rápida e dramática", acrescentou.
O Centro Nacional de Dados da Neve e do Gelo, ligado à Universidade do Colorado, informou em setembro que o gelo do Ártico havia caído neste verão para o seu segundo menor nível.
Esses pesquisadores dizem que a temporada de 2008 reforça a tendência de degelo vista nos últimos 30 anos no Ártico. A atual extensão está 34% menor do que na média de 1979 a 2000, embora supere em 9% o recorde negativo de 2007, o ano mais quente já registrado na região.
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Genebra, 3 set (EFE).- O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu hoje que "o Ártico está aquecendo mais rápido do que qualquer outro lugar na Terra" e "poderia ficar sem gelo até 2030".
Após visitar nos últimos dias a base internacional de Ny Alesund (Noruega), onde observou diretamente o impacto da mudança climática sobre o Ártico, o responsável da ONU chegou a Genebra para participar da Conferência Mundial sobre o Clima.
Em discurso diante de mais de mil participantes deste fórum, Ban pediu aos Governos para conseguir na conferência internacional sobre mudança climática, prevista para dezembro em Copenhague, um acordo que permita "profundos cortes nas emissões" de gases poluentes.
Reconheceu, nesse sentido, que essas negociações ocorrem com atraso: "só restam 15 dias, 15 dias para resolver alguns dos assuntos mais complexos".
O secretário-geral da ONU revelou que os cenários mais distantes que tinham sido colocados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) - uma das instâncias científicas de maior credibilidade na matéria - estão "ocorrendo agora".
Explicou que o Ártico, "em vez de refletir o calor, está absorvendo, enquanto o gelo diminui. Isso acelera o aquecimento global".
A consequência é que um gás que está preso no subsolo e no leito do mar desse polo do planeta está sendo liberado para a atmosfera, com o perigo que isso representa, por ser "um gás de efeito estufa 20 vezes mais poderoso que o dióxido de carbono".
Ban também advertiu que o aumento do degelo da Groenlândia ameaça elevar o nível do mar e alterar a corrente do Golfo, que é a que leva calor à Europa.
"Estamos pisando no acelerador e estamos nos dirigindo ao abismo", alertou.
O secretário-geral da ONU disse que já se observa um aumento do nível do mar, que, até o final do século XXI, poderia subir entre 50 centímetros e dois metros, colocando em risco às populações que vivem em ilhas, em áreas litorâneas e deltas, entre outros lugares.
Ban lamentou que, apesar disso, se continue observando "inércia" na luta contra a mudança climática, o que, acrescentou, fica evidente nos "limitados progressos nas negociações" de Copenhague.
Por isso, colocou a urgência de agir em certas áreas, como o rápido financiamento internacional para que os países em mais risco se adaptem à mudança climática.
Além disso, mencionou a necessidade de que os países em desenvolvimento aceitem reduzir suas emissões de gases do efeito estufa, e para isso defendeu a ideia de que estes precisam de apoio econômico e tecnológico do mundo rico. EFE
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