O Sol pode castigar a Terra com fortes ventos de íons que atrapalham as telecomunicações, a aviação e as redes elétricas mesmo quando está na fase "quieta" dos seus ciclos de 11 anos de atividade, afirmam pesquisadores americanos.
Cientistas tradicionalmente têm usado o número de manchas na superfície do Sol para medir sua atividade. O número de manchas solares atinge um pico no período chamado de máximo solar, e só depois começa a cair até atingir um mínimo e reiniciar o ciclo.
Durante o pico, intensas erupções solares e tempestades geomagnéticas ejetam grandes quantidades de íons --partículas eletricamente carregadas- ao espaço. Quando essas partículas atingem o campo magnético da Terra, causam o belo espetáculo atmosférico das auroras polares, mas derrubam a comunicação com os satélites.
Cientistas do NCAR (Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos EUA) e da Universidade de Michigan, porém, descobriram que a Terra foi bombardeada por intensos ventos solares no ano passado, quando o Sol parecia estar num período especialmente mais calmo.
Surpresa
"O Sol continua a nos surpreender", diz Sarah Gibson, do NCAR, autora principal do trabalho. "O vento solar pode atingir a Terra como um esguicho mesmo quando o Sol está virtualmente sem manchas."
Antes disso, cientistas acreditavam que as correntes de energia que impulsionam o vento solar caíssem bastante à medida que o ciclo do Sol se aproximava do mínimo.
Gibson e sua equipe compararam medições do atual período de mínimo solar, feitas em 2008, com medidas do mínimo solar anterior, de 1996.
Apesar de os dados do período atual terem mostrado menos manchas solares do que qualquer outro mínimo em 75 anos, o efeito do Sol sobre o cinturão de radiação externa na Terra foi mais de três vezes maior que o de 1996.
Os resultados da pesquisa, publicados em um estudo na última edição da revista "Journal of Geophysical Research", revelaram que a prevalência de correntes de vento solar com alta velocidade durante o mínimo de 2008 estão relacionadas à estrutura do Sol.
Mesmo com o o número total de manchas solares caindo nos últimos anos, grandes manchas eram vistas no Sol perto de seu equador. Fortes lufadas de vento solar que partiam dessa região varreram a Terra em 55% do período estudado em 2008, comparadas a apenas 31% dos dados colhidos em 1996.
Um único "sopro" de partículas carregadas poderia durar de sete até dez dias. "As novas observações a partir do ano passado estão mudando a nossa compreensão sobre como os períodos de aquietamento do Sol afetam a Terra e sobre por que isso pode mudar de um ciclo para outro", afirma Janet Kozyra, da Universidade de Michigan, coautora do estudo.
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